Regressando aos óculos de madeira de 2016, mas desta vez com armação redonda (lembro que a primeira vez que comprei o meu quadradão de madeira, eu não gostava do redondo por ser uma armação branca, depois de quase 10 anos eles começaram a fazer da cor da madeira que você quiser, se ficará bem em mim são outros quinhentos, outra crise existencial e lamento por gasto de dinheiro. Vamos ver se me adapto! 

INVEJA

     Esses dias me dei conta no quanto desejo coisas. Meu orientador me contou feliz que se tornou avaliador do prêmio ocenanos. Estávamos num bar e disse a ele: - agora é aquele momento que você para o bar e diz: "uma rodada para todo mundo por minha conta!" Ele me cortou e disse para falar baixo (imaginei que fosse sigiloso). 

        Semana passada, fui apresentar num congresso sobre a Ana Cristina Cesar e uma colega Talita (talvez um nome fictício) se apresentou tão bem, com tanto amor pelo o que apresentava, não se apegou ao texto (como aprendi a fazer para passar seriedade). Fiquei com tanta vontade de testar alguma apresentação dessa forma, para desafiar a minha oratória. 

        O título desse texto diz inveja, mas não é o sentimento pelo qual estou reinvindicando neste dois casos isolados. Curiosamente, um crush da universidade, talvez de 2015, casou em uma mega cerimônia com um rapaz. (Todos os dias eu penso em fazer uma festa de casamento para aproveitar o momento especial com meus amigos, por minha conta é claro).

        Temos aqui, no parágrafo acima meu caso de inveja declarada. Acho que tive uma conversa sobre relacionamento e afetividade com Matheus anos atrás e lembro de uns comentários aleatórios que me disse: "eu não sei exatamente aonde, mas todas as vezes que converso contigo, me vem a sensação de que você está me ensinando alguma coisa de profundidade sobre a vida". Como se eu me colocasse num lugar superior a ele.    

        De lá para cá, muita coisa mudou, talvez essa arrogância de me por num lugar superior a alguém no flerte tenha mudado bastante. É difícil prever, uma vez que eu me vejo como uma pessoa tão mais fácil de lidar, de que no final eu vou investir e a outra pessoa não vai saber lidar com os sentimentos dela. Em algum momento lidando com homens, flertando com homens, aprendi a ser assim, algo que ando me policiando. 

        Mas sobre a inveja, senti inveja do casamento do Matheus, por ter sentido muito amor por ele em algum momento, por ser espírita e aceitar casar com alguém publicamente e esse alguém não ser eu. Sobre o meu orientador, eu quero ter a minha trajetória e ser chamado para avaliar os concorrentes do prêmio oceanos ou sobre a Talita, quero também aprender a ter mais desenvoltura em público. Sobre os dois primeiros parágrafos, eu quero me superar, sobre o Matheus, eu desejo felicidade ao casamento.



 "levanta só um pouquinho a barra da chuva,

o que é que você vê? gotas a tamborilar"

Monique Deheinzelin

"Amor? pássaro que põe ovos de ferro" Guimarães Rosa

Erasmo Carlos - É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo

 


Gostaria de começar este post com a frase, essa música no filme Ainda estou aqui é uma pedrada no olho. Eu cresci em torno do primeiro batalhão de polícia do exército, onde muita gente foi torturada e morta pelos governos da ditadura. Assistir o filme vendo o que acontecia ali me tirou o fôlego de tantas maneiras. O silêncio em que muitos momentos a Fernanda Torres nos proporciona no filme é um tapa, é uma agressão, é um gesto de engolir a seco. Não vou dar uma nota nem especular que a gente merece um prêmio tal de cinema, porque a gente é maior que isso. A gente é maior que um prêmio de uma Gwyneth Paltrow usará como peso de porta.

Eu cheguei de muito longe E a viagem foi tão longa E na minha caminhada Obstáculos na estrada, mas enfim aqui estou Mas estou envergonhado Com as coisas que eu vi Mas não vou ficar calado No conforto acomodado como tantos por aí É preciso dar um jeito, meu amigo É preciso dar um jeito, meu amigo Descansar não adianta Quando a gente se levanta quanta coisa aconteceu As crianças são levadas pela mão de gente grande Quem me trouxe até agora Me deixou e foi embora como tantos por aí É preciso dar um jeito, meu amigo É preciso dar um jeito, meu amigo Descansar não adianta Quando a gente se levanta quanta coisa aconteceu É preciso dar um jeito, meu amigo É preciso dar um jeito, meu amigo É preciso sim É preciso É preciso dar um jeito.

Oficina de Poesia - Carlito

 "o fogo nos repelia" não aceita a nossa presença. A gente respira o ar. A gente se banha na água, a gente deita na terra. 


Virgem - Antônio Cícero 

As coisas não precisam de você

Quem disse que eu

Tinha que precisar

As luzes brilham no Vidigal

E não precisam de você

Os dois irmãos

Também não precisam

O Hotel Marina quando acende

Não é por nós dois

Nem lembra o nosso amor

Os inocentes do Leblon

Esses não sabem de você

O farol da Ilha

Só gira agora




"O meu amor faísca na medula" Drummond 
*o crítico é aquele que chama atenção para o poema que eu não tinha notado 


DAY ONE: Oliveira Couto


Hoje sacrifiquei duas suculentas para plantar sementes de oliveira. Enviem boas vibrações para que num futuro próximo eu consiga dar aos meus melhores amigos potes de vidro com azeitonas em conserva. Fica aqui o registro do crescimento desta árvore.


 

Macumba paulista


                               (imagem retirado do vídeoclipe "aceita" - Anitta 14 de mai. de 2024)
Hoje dei um passo diferente na minha fé, um banho num terreiro paulista. Caro, mas um ritual que parece ser mais destino apenas ao que você precisa. No Rio aparenta ser mais feeling, banho de pipoca e fumaça. Aqui, mais instituicional, o necessário para sua demanda (não parece envolver tanto sexto sentido). Me senti a Anitta abaixado com toda sua humilde e recebendo o que dá para ser possível, limpando e descarregando o necessário. Queria deixar um registro aqui para o Bruno do futuro.






 PS: nunca vou entender a criminalização da palavra Macumba, é uma palavra deliciosa de se repetir.

Roteiro minha casa

Eu tenho pedido pra minha avó mover uma garagem de lugar que temos em nosso terreno. Eu disse que não me incomodaria de pagar pra alguém mover a garagem. Ai ela disse "meu filho, não se preocupa que vou mover pra você  fazer sua casa direitinha”. Minha avó tem sido uma querida comigo mesmo.
  
Esta árvore precisará ser cortada, antes que os ambientalistas me ataquem (por algum motivo misterioso) esta árvore tem dado mangas bichadas, além de estar rachando a estrutura da loja da minha avó que tem ao lado. E, é claro que serão repostas outras árvores em memória desta querida, tentarei abraçá-la e pedir desculpas por isso. Mas sábado  já está com data marcada para seu fim. Pensarei num ipê colorido para alegrar a frente da minha casinha.


 

mais uma atualização no dia 27 de outubro

        Ultimamente tenho pensado muito em como meu pai seria útil na construção da minha casa, da visão minuciosa que ele teria em administrar o pedreiro. Já fui avisado, o golpe tá aí, cai quem quer.



projeto quiti.bruno

 Hoje paguei a primeira parcela do projeto de casa que pretendo construir no Rio de Janeiro.

Estou louco para o momento expectativa x realidade. 

Semana que vem vou ao Rio tentar fotografar onde quero começar a minha casa, queria fazer uma série no meu close friends quiti.bruno (um álbum secreto para deixar nos destaques do instagram, pela diversão de acompanhar o tempo e a construção, lembrar de quando o projeto era só um sonho e um trabalho tóxico que me permitiu construir minha independência).









Você se preserva para quem?

        Esses dias me consultei no tarô e foi a pergunta que o tarô me fez. Para quem me dou ao respeito? Tenho reflito demais sobre isso ultimamente. O homem casado do Linkedin me procurou para conversar, me contou sobre sua vida, sobre os abusos sexuais da infância, sobre ter casado com uma menina com 17 anos para se proteger das pessoas, disse que não transam há anos (claramente me despertou um "sei" - afinal é um clássico de homem casado retratado nas novelas da Gloria Bolsonara Perez). Mas, me pareceu ser verdadeiro, disse que não transavam, mas que vão fazer inseminação porque claramente não fariam de maneira natural (me disse até o gênero da criança). Talvez essa história algum dia vá para meu livro.

        Uma coisa que me fez acreditar na honestidade do diálogo foi ele mencionar que já estão juntos há 14 anos, que já acostumou com a presença dela. Ele é um homem gentil e doce na individualidade dele. Bate aquela vaidade: larga tudo, vamos viver uma relação legal, vamos ser os melhores amigos da vida de cada um. Mas ando me preservando para algo maior que nem sei exatamente o que é (de acordo com o tarô que não acho que esteja de todo errado). A grande questão é: o que me impede de dizer para ele, vamos tentar viver algo juntos? Vamos tentar? Me lembrei enquanto me questionava. Sou um homem de 35 anos com um background complexo, difícil e sozinho. O destino dos meninos monstros se tornarem Dama da Noite.

Um beijo Caio Fernando Abreu te envio energias por sua história na minha trajetória e pelo aniversário recente. 


ps: acrescentei o caso supracitado no meu livro. 

User: 2,910 Registered: 4 Mar 2023

 Eu fui uma das 3 mil primeiras pessoas a entrar no BLUESKY. Não quero um prêmio por isso, avisarei minha terapeuta sexta-feira. Mas, queria deixar registrado para o Bruno do futuro.

transcrevendo uma entrevista

 



Ter convivido com a filha do João Cabral, e atualmente ouvir a Helô falar sobre a poesia dele, da construção dele artística, me fez perceber como ando fissurado na construção do meu livro sobre a chuva. Como estou na construção da escultura arte e vida. O poeta que menos dei confiança na vida, sendo o poeta que mais me desperta interesse de conhecer, perceber o valor estético para construção daquele produto final.

PRETA GIL


 Esses dias viralizou uma conversa que a Preta Gil teve com seu pai. Eu particularmente amo o Gil e sua contribuição para a cultura/música brasileira. Mas, sempre pela Preta, sei de alguns comentários e atitudes dividosas do Gil, por exemplo, um dia ela disse que Gil tinha o "olhar de balança", "Preta,você emagreceu 2 quilos?" ou então, quando Preta lançou seu primeiro disco ele só comentou "desnecessário, preta." se referindo a ela ter pousado nu para seu disco. 


Uma das falas mais marcantes que já ouvi da Preta: "ele (ex-marido) se apaixonou por outra, até ai normal, amores de verão vem e vão". nunca pensei que em uma relação de anos houvesse essa possibilidade de amar outro, digo isso, porque outro dia desses um rapaz que conheci aqui em Campinas me disse que falava de mim na terapia, que nunca pensou gostar de um poeta. Descobri depois que o rapaz era casado (e me adicionou no LinkedIn para a mulher não desconfiar). O desfecho dessa história nem é tão bom quanto o que aprendo com Preta, mas fica aqui o registro de alguém que desejo muita saúde e mais possibilidades de escuta-lá falando sobre a vida, sobre seu pai e aprendizados em geral.


Liniker incomodando

 


acho uma régua injusta porque estamos falando de uma mulher-trans-preta que quer sentir o direito de ser amada, no país que mais mata pessoas como ela, pessoas como nós.

Eu, particularmente, estou em transe com o disco novo. O quê mais me mobiliza em CAJU é a parte “quando eu alçar o voo mais bonito da minha vida, quem me chamará de amor?” Eu sei que um homem incrível, esforçado, trabalhador, que sou simplismente foda. Mas, me dói não ter ninguém para celebrar os meus voos mais altos, quando conquisto grandes momentos não tem ninguém ao meu lado. 

Eu, por exemplo, não tive formatura, graças a Deus, não tive o constrangimento de ir num evento familiar, sem parente para convidar, mas seguimos resistindo como corpos diferentes, mas ao som de Liniker que nos coloca em afeto ao direito de sermos amados(as) e desejados (as). 

um poeta com portfólio

 

Nunca achei que fosse experiênciar algo parecido. Inicialmente, pensei em pagar alguém para fazer um para mim, mas o valor era 600 reais. E, não tem jeito. Era algo que só eu poderia fazer por mim, só eu podia lembrar de tudo que fiz, de tudo que publiquei, de tudo que participei. Um dia desses conversando com meu orientador, que na época estava escrevendo um memorial para ser promovido, me disse que estava entendendo o percurso dele na universidade, os desejos, onde tudo desagou em que nós somos atualmente. 
Não foi por vaidade a construção destas 14 páginas de carreira literária. Uma obrigação que enfrentei e com meus poucos recursos construí. Orgulho de mais uma etapa da minha vida. Que quem receba perceba que entreguei mais que afeto neste portfólio.


"há uma diferença muito sutil em comentar uma citação e parafrasear. No jornalismo a gente cita quando alguém diz algo melhor que a gente. Na universidade para desenvolver o que foi abordado e o que envolve o que foi dito pelo autor" R. Laiola.



Hit de Machado de Assis

 

[1] Você sabia que Machado de Assis não está “hitando” pela primeira vez nos EUA? Na pandemia o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas ganhou uma tradução nova e durante meses ficou na lista dos livros mais vendidos.


 [2] Foi o momento mais legal de acompanhar os booktubers gringos que o chamavam de “Wizard of Catete”, mas sabe que Machado é um escritor não muito apreciado por professores de português também? Esses dias estava debatendo com professores na escola que trabalho

[3] Alguns diziam: “tive que ler na escola foi traumatizante, detestei” outro disse “não entendi nada, agora estou relendo”. Essa discussão começou por causa da repercussão do vídeo da escritora americana lendo clássicos mundial.

[4] Rapidamente eu retruquei: Mas ao mesmo tempo se a escola não cobrar em que momento a gente vai conhecer Machado? Às vezes, eu tenho a sensação de que se a gente não cobra a escola falha, se a gente cobra cria traumas. A culpa sempre é da escola.

[5] Gostaria de aproveitar o espaço pra dizer que a maioria dos professores de português que temos, na escola, detesta literatura. E quando a gente tem sorte de conhecer um professor que sabe o que tá falando, consegue passar de verdade o que aquele texto significa.

[6] Para vender o livro para adolescentes a gente precisa dizer que o texto de Brás Cubas “é a história de um defunto falando da sua morte”, pura balela. Ele só é um brasileiro, medíocre, dramático, lixo. (Talvez seja um canceriano, minha avó também dedica seus restos aos vermes que lhe dão atenção)

[7] Uma vida inteira de frustração até a mulher que ele desejava só via ele como um corpo para transar. Uma rola para o prazer, um lixo para se ter como marido. Infelizmente, é o retrato do brasileiro todinho.

[8] Brás admira o tio porque faz coisa errada, inclusive o leva para perder a virgindade num puteiro. Menospreza o pai por ser uma pessoa boa. A família ficou rica com trabalho desonroso, recuperando escravo perdido. Tudo na família Brás é uma tentativa de pertencer a uma elite, mostrar poder, mostrar que tem grana.

[9] Um brasileiro medíocre que não gosta de estudar, não se esforça para nada que preste, não tem admiração de ninguém porque como sociedade, também não fazemos questão, de sermos nada além de aparências. O mais triste é nossa constante necessidade de mostrar que somos melhores que os descendentes de escravos desse país.

[10] Brás Cubas é um Brasil do século 19, que mostra quem é essa classe média medíocre que temos hoje. Brás é o bolsonarismo, que está empenhado em mostrar que é muito diferente dos mais pobres, dos mais simples desse país, uma tentativa constante de tentar aparentar classe dominante a partir da mediocridade e malandragem. É um Brasil que tá ai "desde tempos imemoriais"...

Na cama - Angela RoRo




"Manchar a sua boca
até você me tatuar
e berrar que me ama
na cama, na cama
meu corpo voltou a se agitar
na cama." 
 

Liniker - Bodyguard (COVER)


 

They couldn't have me (aah), and they never will

And sometimes I hold you closer just to know you're real (aah)

Wheels in the gravel, Davis in my bones

Sometimes I take the day off just to turn you on

Oh, oh, oh

 

Honey, honey, I could be your bodyguard (hey)

Oh, honey, honеy, I could be your Kevlar (uh)

Oh, honey, honеy, I could be your lifeguard (hey)

Ooh, honey, honey, you should let me ride shotgun, shotgun

Oh, oh, oh


Pluie (Chuva) Francis Ponge - Tradução Bruno Couto


 

    A chuva, no quintal onde a observo cair, desce em velocidades muito diversas. No centro, é uma cortina fina (ou rede) descontínua, uma queda implacável mas relativamente lenta de gotas provavelmente bastante leves, uma precipitação perpétua sem vigor, uma fração intensa do meteoro puro. Um pouco mais distantes das paredes da direita e da esquerda, caem com mais barulho gotas mais pesadas, individualizadas. Aqui parecem do tamanho de um grão de trigo, ali de uma ervilha, em outro lugar quase de uma bolinha de gude. Nas hastes, nos braços da janela, a chuva corre horizontalmente enquanto na face inferior dos mesmos obstáculos ela se suspende em gotículas convexas. De um pequeno telhado de zinco que o olhar domina, ela escorre em uma camada muito fina, iridescente devido a correntes muito variadas pelas imperceptíveis ondulações e saliências da cobertura. Da calha adjacente onde flui com a contenção de um riacho raso sem grande inclinação, ela cai de repente em um fio perfeitamente vertical, grosseiramente trançado, até o chão onde se quebra e ressalta em fios brilhantes. Cada uma de suas formas tem uma aparência particular; a cada uma corresponde um som particular. O todo vive com intensidade como um mecanismo complicado, tão preciso quanto aleatório, como um relógio cuja mola é a gravidade de uma massa dada de vapor em precipitação. O som no chão das redes verticais, o gorgolejar das calhas, os minúsculos golpes de gongo se multiplicam e ressoam ao mesmo tempo em um concerto sem monotonia, não sem delicadeza. Quando a mola se solta, algumas engrenagens continuam a funcionar por um tempo, cada vez mais lentamente, e por fim toda a maquinaria para. Então, se o sol reaparecer, tudo desaparece logo, o brilhante aparelho se evapora: choveu.

A solidão da senhorita Bira

    Como um grande colecionador de ruinas, fiquei triste com a senhorita bira. Gostaria muito que ao menos seu corpo fosse desejado por alguém, acho que dói em algum lugar de empatia, porque poderia ser com qualquer um, ou comigo mesmo. A gente nunca acha que pode ser desejado o suficiente por alguém. O desejo do outro nunca está em nosso controle.

"Essa é a minha sina. Está tudo bem".

 

This is Us - 5x06: Birth Mother

 


    Essa hora da noite eu pego para atualizar meu blog  e sei o que quero mostrar, mas não sei o que quero dizer com as imagens. Na última publicação do meu blog. Eu mostrei o desenho que me fez chegar até This is Us. Aquela frase: você chora. 

   Foi muito importante para mim, principalmente me permitir chorar assistindo essa série. Muitas coisas que gostaria de construir e viver ao lado de alguém legal. Muitas dores que não saberia resolver ou curar. 

    Porém, hoje gostaria de falar do lago em que a mãe biológica do Randall cura todas as suas dores. Eu tenho uma conexão muito forte com a água. Nunca superei a música do Caetano em que ele diz: a água arrepiada pelo vento. Não há um dia que eu não pense em me jogar num rio e gritar o mais profundo grito de cura. De salvação, de redenção, de autocuidado.


     Talvez em algum momento consiga vir aqui e dizer de maneira mais precisa sobre essa série. Ou sobre como cheguei até ela. (talvez um comercial da globo?) Mas por enquanto, gostaria de dizer que me marcou, que salvou meu 2023. Que muitas coisas ainda reverberam em mim.

Como cheguei até This is Us (série)

 

(cena do último episódio da primeira temporada de The Midnight Gospel by netflix)

    Em um dos fragmentos que chegou até mim deste desenho dizia:

- Eu sei que não dá para evitar o coração partido, mas o que eu faço quando eu sofrer?

- Você chora. Você chora. (diz a mãe).

Automaticamente cheguei nas lembranças da última vez que chorei. A segunda década dos anos dois mil, foram tão difíceis para mim. Minha mãe me expulsou de casa, meu pai com processo de exoneração de pensão alimentícia depois de tudo que a gente (eu e minha irmã). E tinha tanta dor presa, tanta dor entalada. Eu nunca oscilei tanto de humor como foi 2023 por causa da medicação de ansiedade. Eu me cai e levantei tantas vezes. Hoje escuto com espanto quando meus amigos dizem: você é sensível. Eu nunca achei que mostrava para as pessoas toda a minha fragilidade. Eu estou ficando ciente pelas pessoas que sinto demais, que transbordo demais.