SILENZIO BRUNO!


    Hoje de manhã, eu assisti essa animação, estou surtando com inúmeras coisas para fazer e talvez algumas demandas eu tenha que simplesmente não cumprir, mas desde que entrei no mestrado, desde que começou a pandemia: eu não tenho feito outra coisa se não surtar. Eu não me arrependo de parar o meu dia para ver esse filme e consequentemente emocionado escrever esse texto. Como é grandioso o roteiro desse filme, como é maravilhoso a inocência dos personagens super bem desenvolvidas, além de uma coisa que me fez lembrar os filmes de criança da minha infância, como "The Little Rascals". É uma história simples de uma grande competição com um prêmio em dinheiro. Simples, mas que em nenhum momento rompe com a verossimilhança proposta pela animação. 
    Tive sentimentos controversos sobre o nome do protagonista e o bordão "SILENZIO BRUNO!", talvez eu precise me dizer mais isso quando sentir medo. Não que eu tenha deixado de fazer algo na minha vida por conta do "Bruno", mas em alguns momentos me lamuriei demais com os outros sofrendo por antecipação e com as angústias do Bruno. Tem sido momentos conflitantes e questionadores sobre minha vida profissional e a estabilidade que tenho dúvidas as vezes se em algum momento alcançarei. Tenho me perguntado frequentemente sobre realizar o sonho da casa própria num mundo incerto em que eu tenho que estudar e dar conta de um mestrado fora da cidade que consequentemente me anima para fazer um doutorado.
        O protagonista desse filme é super fascinante, é maravilhoso sua curiosidade sobre o mundo, sua vontade de aprender e de ouvir a sabedoria do outro. Acho que me pegou de uma forma intensa cada detalhe, o medo do Luca, a doçura e a curiosidade por tudo o que o mundo pode oferecer. O mundo é grande e o coração do Luca tem medo.


 "Eu disse em outras entrevistas e quero repetir aqui, isso é uma coisa da cultura do Rio de Janeiro, as pessoas que moram no Rio sabem que o miliciano tem uma cultura diferente. Ele nunca considera que é criminoso, que está cometendo danos a vida das pessoas, que está traficando. Não, ele acha que não é criminoso e considera que é vagabundo todas as pessoas que o enfrentam." Renan Calheiros - 16 de Maio de 2021 sobre o Bolsonaro na CPI da COVID.

Minimalismo digital

Cada dia que passa tenho me sentindo péssimo.
Ansiedade, angústia, medo de falhar, recorri a medicamentos que me deram sono e cortaram minha libido.
Tenho pensado muito sobre o que me faz sempre voltar e buscar amparo na internet.

(E nesse processo acho que tive um grande insight, lembrei do Felipe)

Antes de precisar contar quem ou se de fato é relevante dedicar algumas linhas para falar sobre o Felipe, o meu insight quase que de uma sessão lacaniana de iluminação, dor e sentimentos mistos que não sei explicar.

Me dei conta do quanto tempo estou na internet e como a minha fissura por estar conectado só tem aumentado minha ansiedade e a busca por uma coisa que mal compreendo.

Quando tive acesso pela primeira vez a um computador eu tive meu primeiro contato com o amor.
Primeiro contato com alguém numa época da  vida em que estava passando da transição infantil para conquista das minhas vozes, da minha necessidade de ser compreendido, amado e principalmente escutado. 

Estar na internet para mim, era estar sendo ouvido, estar conectado* a alguém que vivia em outra cidade, mas que de alguma forma me fazia sentir desejado, amado. A internet me proporcionou o encontro dos falos que nunca esteve presente do meu pai. A figura ausente que me acolhia estava ali pronta para me preencher de abusos morais, de excessos não correspondidos ou secreção indesejada de alguém que me sujeitei a conhecer na esperança de saciar a minha falta.

Todos esses anos eu estive na internet buscando alguém que pudesse me salvar de algo que nunca entendi exatamente do quê. Com a terapia eu tenho percebido que tenho desejado ser salvo da minha família. Das nossas incompatibilidades grosseiras e individuais. Minha família é tóxica, mas acho que insisti muito quando não estava tentando fugir de perto deles.

Uns dias antes desta conclusão, assisti um vídeo sobre minimalismo digital, e me despertou sentimentos muito intensos sobre o porquê parei aqui. Como a internet se tornou esse campo asqueroso de consumo, de descarte, de solidão, de busca de uma alma que vaga num brejo fedido.



Todos os dias desde então, tenho pensado em como sair pela porta de trás das minhas redes sociais. Eu sempre repeti inúmeras vezes aos meus amigos que apagar as redes sociais é reprodução adulta do bordão, "mamãe, eu vou fugir de casa". Eu queria apagar as luzes e apenas sumir. Mas, não quero de alguma forma ficar refém do meu orgulho quando sentir que meu corpo não saiu totalmente desse mundo de consumo, em que se você não está consumindo, você deveria estar produzindo.




Eu não fugir para depois voltar com rabo entre as pernas. Gostaria de planejar um corte dessa dependência olhar para o post-it que me faz a pergunta de uma sessão da terapia "Como sair do automático?". Esse automático é o excesso de coisas, que tenho feito e sofrido por ansiedade quando não estou fazendo nada. A necessidade de mostrar para o outro o quão tenho feito e conquistado mil coisas e me frustrado por não dar conta de inúmeras outras.

Eu preciso limitar e reduzir o meu consumo de internet e sair do automático, domar a minha ansiedade e estudar o que preciso estudar. Ser quem eu gostaria de ser. Sonhar e realizar o que desejo conquistar.

  • Gostaria de ter mais disciplina
  • mais tempo para estudar
  • menos ansiedade
  • fazer mais exercícios físicos 

de mudar minha identidade.






_______
* Me perdoo por não me esforçar para ter um vocábulo melhor que não dê ideia de campo semântico na internet, mas que resgate o sentido de conexão pessoal. 
** também não me preocupei com o alinhamento deste texto.