(A)MAR

Certos sais espremem e entortam como acerbo,
a boca rachada do frio
formando caretas aos homens
reavivando os velhos.

(O)mar imenso, envolvente,
asfixiador entre seu seio português.
Ah, eu bem sei das feridas do (a)mar!
Resgatar o puro.
Reviver no fero.

Ah, você me sussurra no ouvido!
Coisas com afeto que só quero relembrar.
(  )mar me faz perceber a pequenez
de uma vida a planear com memórias.

De surtar com histórias
e arrepiar no invólucro calcário
das emoções.
Ah, isso é o (a)mar.
 


Descompassos de uma vida apaixonada.

           

"Eu não tenho medo de te amar depois morrer, porque morrer de amor é viver."
Esses dias aconteceu um evento que me fez refletir. Uma entrevista. Me perguntaram se eu gostava de Literatura Portuguesa, pausei a mão sobre o coração, e de maneira mais apaixonada disse: "Eu gosto bastante". A editora que precisava de um estagiário que conhecesse seus produções, insistiu, "de que autor você gosta?", agora pensando, poderia ter dito Valter Hugo Mae ou até mesmo o Fernando Pessoa, mas acho que meu sorriso e minha excitação falaram mais alto e respondi antes de conseguir pensar, meio que por impulso. Com os olhos brilhando eu disse: "- Camões, eu amo Camões." elas ficaram surpresas com minha resposta. E me perguntaram: "Como assim? Alguém tão novo gosta de Camões?!" Eu que já me desprendi de certos conceitos respondi: "Eu tive um professor titular em Literatura Portuguesa que lia os sonetos e baixava o livro sobre o colo, parava na minha frente exibia o braço e dizia: 'Tá vendo Bruno?" eu sem entender olhava para o braço dele e dizia: "o que professor?". "Estou arrepiado!". Nossa é indescritível como meu coração compartilhava da mesma emoção que a dele. Eu puxei todas as matérias que consegui, tentei acompanha-lo na faculdade por tamanha habilidade em me envolver com seus sentimentos e suas leituras. "Eu sei que parece bobo." Disse na entrevista, "mas ele despertava o mais puro dos meus sentimentos". Elas riram, mas sai de lá Bruno, humilde, apaixonado e confiante de que eu tinha sido eu sem mais a vergonha que me trava o espirito. É assim que tenho desejado ser, mais e mais doce.