a máquina de coca-cola
De alguma forma, eu sempre soube que eu ganharia de alguém um tarô. E eu fico sempre muito abismado com a sensibilidade que o Fillipe tem comigo. Ele se interessa por mim como alguém que sempre sonhei que se interessasse e que de alguma maneira se conectasse comigo. Queria deixar aqui mais um registro desse carinho todo. Conhecendo os arcanos e ouvindo bastante sobre o tarô no youtube. Curioso como me sinto todo arrepiado quando toco no bloco dos arcanos maiores.
escritos de uma madrugada sem dormir em que tenho compromisso no dia seguinte (primeiro)
Ando preocupado, medicado e ansioso. Estou vivendo um momento de reolhar algumas coisas na minha vida, principalmente minha vida financeira. Acho que ando sumido aqui porque tenho me dedicado mais a escrita acadêmica. Uma parte de tudo isto é também culpa do remédio de ansiedade, antes dele eu me sentia tão exausto, tão cansado de tudo, querendo 3 meses de férias de tudo. Atualmente não tenho sentido falta de descanso, muito menos de de ir pra academia. Mas hoje analisando meus exames de rotina, colesterol está um pouco, mas muito pouco mesmo, acima do esperado. Precisando tomar as rédeas da minha vida real oficial.
A bicha que mora em mim
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processo de escrita da dissertação
O segredo de Brokeback Mountain
"Poderíamos ter tido uma boa vida juntos, uma vida de verdade. Um lugar só nosso. Você diz que vai me matar por querer uma coisa que eu quase nunca tenho. Eu não aguento mais. É demais pra mim. Eu queria conseguir deixar você"
Forma em fuga
Me inscrevi num curso no tal capivara, animado por estudar mais estilos de ensaios. Todos os dias eu sinto uma demanda de melhorar mais minha escrita. Animado com a programação, comprei o primeiro livro base da aula um. Vamos ver se a ansiedade permite a leitura antes do encontro.
Encontro I (15 -6)
Georges Didi-Huberman
Teoria, historiografia, ensaio de interpretação: em tudo, a implicação pessoal, a solicitação do olhar e do corpo, a demanda da presença. O ensaio como texto que se constrói entre a montagem, a enunciação poética, o pensamento e a provocação filosófica. A proposição, para a arte e a cultura, de uma temporalidade longa e sobressaltada, atenta aos retornos, aos fantasmas e aos restos.
Cascas
(texto base)
Sobre o fio
A sobrevivência dos vaga-lumes (excertos)
(outras leituras)
Encontro II (22 -6)
Beatriz Sarlo
O ensaio como espaço da polêmica: o gosto pelo dissenso, a dimensão do risco. A escrita minuciosa ancora-se em erudição e verdadeira vocação analítica, mas procura a comunicação ampla, deseja o diálogo direto com o público não-especializado. O ensaio na esfera pública. A tradição literária argentina e latino-americana projeta-se, pelo salto comparatista, para o mundo: novos centros, outras periferias.
“Tempo passado”
(texto base)
“Buenos Aires, cidade moderna”
“Ambulantes”
(outras leituras)
Encontro III (29 -6)
Roberto Schwarz
O rigor do pensamento dialético e a concentração em torno do realismo: reivindicação política da forma, seu lastro ideológico e dimensão histórica. Literatura, crítica e pensamento social conjugam-se na prática do ensaio. A verve polemista e os usos da ironia. O lugar problemático (e produtivamente instigante), para o autor, do modernismo e das neovanguardas: crítica, poesia, ensaísmo.
“Verdade tropical: um percurso de nosso tempo”
(texto base)
“Cultura e política, 1964-1969”
“A carroça, o bonde e o poeta modernista”
(outras leituras)
Encontro IV (6 - 07)
Maria Esther Maciel
A radicalização do princípio híbrido do ensaio: o ensaio como lista, verbete, entrevista. O esgarçamento dos limites entre o ensaísmo e a ficção: o romance ensaístico, o ensaio romanesco (e poético). Pensar – e escrever – o animal: exercícios de imaginação, empatia e de crítica aos excessos normativos da razão: gêneros, classificações, taxonomias, limites.
“Poéticas do artifício: Borges, Kierkegaard e Pessoa”
(texto base)
M de Memória (excertos “A”, “H”, “M” & “Z”)
O animal escrito
(outras leituras)
Uma capa e muitas decepções, mas seguimos.
Meu primeiro livro está saindo do forno, cada dia se aproxima, nada do que esperei e nada que pude negociar ou conversar sobre o projeto gráfico. Mas o conteúdo parece que está do jeito que pedi, satisfeito apesar dos pesares dos sentimentos de não ter sido ouvido. Primeiro trabalho, vamos em frente com os sapos que ainda os usarei para ataque.
A pesquisa segue firme e caminhando, algumas mudanças serão feitas caso eu siga a vida acadêmica, repito inúmeras vezes para mim; "levanta a cabeça, princesa. Se não a coroa cai". Vacila que eu te troco, meu amor. Que nunca mais olho para ti, que nunca mais te menciono para tentar te violentar. Porque eu sobrevivo, não importa o quê.
Heartstopper
Me tocou também a sensibilidade do Nick ao perceber a dolorosa cruz que os afeminados carregam ao ter que esconder quem se ama. Acho que todos que esperei um retorno afetivo do tamanho do meu amor deveriam assistir ou aprender a ter empatia (palavra tão desgastada), ainda acreditando no amor e ainda esperando viver algo leve, mesmo meu corpo dizendo que não sou digno de ser amado.
Stultifera Navis
Um texto que pensei em divulgar para falar do meu livro, mas achei melhor deixar quieto.
[AMARRAÇÃO DE AMOR] ressentimento
Na manhã do dia 19 de maio de 2010, enquanto furava uma parede com uma furadeira na varanda de casa, meu vizinho foi morto pela Polícia Militar. Eu estava no segundo período da faculdade de Letras, naquela época, eu ainda não sabia que existia um mundo dos bichos e o mundo das pessoas que existiam de forma concomitante. Um é o mundo que te silencia com um "NÃO", o outro com a violência de um corpo caído.
Quando penso no meu livro, imediatamente ou involuntariamente, eu penso sobre esses dois mundos que de alguma forma tentam se afastar, mas que habitam como um ressentimento em mim. Eu cruzei uma fronteira tenebrosa que todos os dias me mantém submerso num sentimento de exclusão de dois mundos. Eu fui na universidade uma exceção que não me deram direito a qualquer ação afirmativa que amenizasse a merda de não ser nada.
O espaço que te humilha para pertencer ao mundo das pessoas, se choca com uma corriqueira grosseria do outro lado. O Ensino Superior nunca vai te oferecer as ferramentas para se tornar um deles. Vão te espremer até desistir. A gente que frequenta o mundo das pessoas para conquistar a libertação econômica, sente vergonha por existir o tempo inteiro, vergonha de onde mora, vergonha de onde saiu, vergonha da violência que vai além de nosso controle.
A universidade que faz projetinho social em favela, em outros contextos, é a que debocha do aluno que vende bala no ônibus. Assim, todo esse ressentimento perpassa por um diagnóstico lamentável de me ver pertencente a essa classe média, com a diferença que, talvez, eu não tenha ou nunca terei uma indicação certa para um trabalho. Eu sai de um buraco onde a lei do mais forte rege todo o caos, para um mundo civilizado em que as palavras tentam cumprir todas as demandas.
Talvez o meu livro não te diga nada, mas a favela tá lá, as minhas grosserias estão lá. Eu gritando mais alto, sendo bicho que chora, um bicho ferido, uma bicha. Tudo lá, registrado para quem se aventurar ler alguma coisa. Que merda, acordar um dia se entendendo como um bicho híbrido de uma classe média, pelo menos nunca repeti pra ninguém "como fazer poesia depois Auschwitz?", nem imagino o riso da minha avó ouvindo uma coisa dessa.
Anotações sobre Wisnik
José Miguel Wisnik: “Novo protagonista da nossa cultura vem da periferia”
antropofagia é uma das ideias, força do modernismo
baixa antropofagia - que também nos habita
inveja, usura, calúnia e assassinato.
O mito da origem do moderno no Brasil*
coração do mar - a música que abre o disco de Elza Soares
Jornalista "Rui Castro"
O Rio já era moderno, já era cosmopolita
o modernismo paulistano é "um arroubo provinciano"
São Paulo em 30 anos (1890 - 1920)
passa de 20 mil a um 1 milhão de habitantes.
"O poeta da rua lopes chaves"
as decepções de publicar um livro
Ando triste e feliz ultimamente, feliz porque muita coisa tem caminhado e eu tenho percebido grandes avanços, tenho me sentido realizado na universidade (mesmo sabendo que ainda haverá a prova dos 9). Isto é, a tal esperada disciplina com o Siscar. Tive boas avaliações até então, mas ainda preciso desta para a minha realização individual. Esses dias recebi a notícia de que meu livro "Amarração de Amor" será publicado pela editora Urutau, não sei o que esperar dessa publicação, gostaria muito que minha primeira professora de redação escrevesse a orelha. Mas tenho inseguranças sobre se seria marcante suas palavras como foram as palavras do livro de um amigo. O medo do arrependimento da escolha vem muito forte e intenso esses dias, junto com o medo de quem possa ver, há no livro um outro escritor (que não eu) que muitos amigos vão reconhecer, que muitos amigos vão chorar, que talvez faça mal a pessoa que mais criei ilusão nessa vida. Mas é preciso que deixe ir como um pássaro. Para finalizar esse relato, queria deixar os versos do poema "o cão sem plumas", minha orientadora citou no último encontro e meu Deus, as imagens provocadas são tão visuais e marcantes. Quero atingir isso nos meus próximos livros.
A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
suco de rio de janeiro de hoje no RJ1: vendedor de cartão de vacina falsificado diz pro cliente que pergunta se o cartão da certo: "mas se tu quiser fazer o certo mesmo, o certo é tomar a vacina, né. tu não tomou a vacina por quê?" de janeiro de hoje no RJ1: vendedor de cartão de vacina falsificado diz pro cliente que pergunta se o cartão da certo: "mas se tu quiser fazer o certo mesmo, o certo é tomar a vacina, né. tu não tomou a vacina por quê?
Ode ao vento ocidental
1
Oh, Vento Ocidental selvagem, exalas dos seres do outono o cheiro,
De tua presença invisível, as folhas mortas
Lançadas são tal como fantasmas fugindo de um mágico.
Multidões delas de peste acometidas !
Amarelas, pretas, pálidas e sanguíneas! Ó tu
Que, em carruagens, te transportas ao seu sombrio canteiro de inverno
As sementes aladas, nas quais jazem frias e miúdas
Cada qual como um cadáver na sua cova, até que
Tua azul-celeste irmã da Primavera toque
O seu clarim sobre a terra em sonhos, e encha de
Pressurosos suaves rebentos iguais a flores povoando o ar,
Nas planícies e colinas, com cores e odores vivos.
Espírito selvagem que por toda a parte se move;
Destruidor e preservador: escuta, oh, escuta!
2
Tu, em cuja corrente, em meio à íngreme convulsão do firmamento,
Onde, como folhas murchas da terra, nuvens dispersas se derramam
Galhos emaranhados do céu e oceano sacudiste,
Anjos da chuva e dos raios! Aí espraiados
Sobre a superfície azul de teu vagalhão etéreo
Qual brilhantes cabelos levantados
De alguma terrível Bacante, que vão da fina borda do
Horizonte às alturas do zênite,
As madeixas da tempestade que se avizinha. Nênias entoas
Ao ano que se despede, para o qual esta noite se acaba
Será a cúpula de um vasto sepulcro
Construído com todo o teu poder concentrado
De vapores, de cuja sólida atmosfera
Chuva negra, e fogo e granizo arrebentar-se-ão: Escuta!
3
Tu que de fato acordaste de seus sonhos de verão,
O azul Mediterrâneo, onde jazia,
Acalentado pelo azul espiralado de suas correntes cristalinas,
Junto a uma ilha de pedra-pome na baía Baiae,
Viste adormecidos vetustos palácios e torres
Agitando-se num dia mais intenso de ondas,
Invasão completa de musgos e flores azuis
Tão suaves que os sentidos não conseguem pintá-las! Tu
Por cujo caminho as forças do nível do Atlântico
Abrem-se em abismos, enquanto, bem no fundo,
As florações marinhas e as florestas lodosas, que destroem
A folhagem seca dos oceanos,
Se agitam e se anulam, conheces
Tua voz e súbito te tornas medroso: Escuta!
4
Ah, fosse eu uma folha morta que pudesses segurar,
Ah, fosse eu uma nuvem veloz para contigo:voar
Uma onda suspirando por sob teu poder e extirpar
O impulso da tua força, só que menos livre
Do que tu, ó incontrolável! Se pelo menos
Ainda estivesse na minha infância e pudesse ser
O companheiro de tuas andanças nos céus
Pois então, quando fosse para superar tua velocidade celeste
Mal pareceria uma visão, – Nunca teria eu feito tanto esforço
Quanto assim contigo em prece nas horas de dolorida necessidade.
Oh! ergue-me como se uma onda fosse, uma folha, uma nuvem!
Caio sobre os espinhos da vida! Sangro!
Um fardo enorme de horas acorrentou-me e me oprimiu
Alguém também como tu – rebelde, dinâmico e orgulhoso.
5
De mim fazes a tua lira, igual assim à floresta:
O que ocorreria se minhas folhas com as dela caíssem!
A desordem das tuas poderosas harmonias
Um profundo tom outonal retirarão de ambos,
Suave embora triste. Sê tu, Espírito selvagem,
Meu espírito! Fazes de ti o meu ser, impetuoso espírito!
Conduze meus pensamentos mortos através do universo,
À semelhança da folhas murchas, a fim de um novo nascimento apressar;
E, pela magia destes versos,
Difundir, como se viessem de uma lareira sempre ardente,
Cinzas e centelhas, minhas palavras à humanidade
Através de minha boca para uma terra adormecida
Sê tu, ó vento, a trombeta de uma profecia!
Com o retorno do inverno, não poderia a primavera logo sucedê-lo?
Percy Bysshe Shelley
(Tradução de Cunha e Silva Filho)
Ainda sobre Bachelard
Imaginação é uma ausência.