Cada dia que passa tenho me sentindo péssimo.
Ansiedade, angústia, medo de falhar, recorri a medicamentos que me deram sono e cortaram minha libido.
Tenho pensado muito sobre o que me faz sempre voltar e buscar amparo na internet.
(E nesse processo acho que tive um grande insight, lembrei do Felipe)
Antes de precisar contar quem ou se de fato é relevante dedicar algumas linhas para falar sobre o Felipe, o meu insight quase que de uma sessão lacaniana de iluminação, dor e sentimentos mistos que não sei explicar.
Me dei conta do quanto tempo estou na internet e como a minha fissura por estar conectado só tem aumentado minha ansiedade e a busca por uma coisa que mal compreendo.
Quando tive acesso pela primeira vez a um computador eu tive meu primeiro contato com o amor.
Primeiro contato com alguém numa época da vida em que estava passando da transição infantil para conquista das minhas vozes, da minha necessidade de ser compreendido, amado e principalmente escutado.
Estar na internet para mim, era estar sendo ouvido, estar conectado* a alguém que vivia em outra cidade, mas que de alguma forma me fazia sentir desejado, amado. A internet me proporcionou o encontro dos falos que nunca esteve presente do meu pai. A figura ausente que me acolhia estava ali pronta para me preencher de abusos morais, de excessos não correspondidos ou secreção indesejada de alguém que me sujeitei a conhecer na esperança de saciar a minha falta.
Todos esses anos eu estive na internet buscando alguém que pudesse me salvar de algo que nunca entendi exatamente do quê. Com a terapia eu tenho percebido que tenho desejado ser salvo da minha família. Das nossas incompatibilidades grosseiras e individuais. Minha família é tóxica, mas acho que insisti muito quando não estava tentando fugir de perto deles.
Uns dias antes desta conclusão, assisti um vídeo sobre minimalismo digital, e me despertou sentimentos muito intensos sobre o porquê parei aqui. Como a internet se tornou esse campo asqueroso de consumo, de descarte, de solidão, de busca de uma alma que vaga num brejo fedido.
Todos os dias desde então, tenho pensado em como sair pela porta de trás das minhas redes sociais. Eu sempre repeti inúmeras vezes aos meus amigos que apagar as redes sociais é reprodução adulta do bordão, "mamãe, eu vou fugir de casa". Eu queria apagar as luzes e apenas sumir. Mas, não quero de alguma forma ficar refém do meu orgulho quando sentir que meu corpo não saiu totalmente desse mundo de consumo, em que se você não está consumindo, você deveria estar produzindo.
Eu não fugir para depois voltar com rabo entre as pernas. Gostaria de planejar um corte dessa dependência olhar para o post-it que me faz a pergunta de uma sessão da terapia "Como sair do automático?". Esse automático é o excesso de coisas, que tenho feito e sofrido por ansiedade quando não estou fazendo nada. A necessidade de mostrar para o outro o quão tenho feito e conquistado mil coisas e me frustrado por não dar conta de inúmeras outras.
Eu preciso limitar e reduzir o meu consumo de internet e sair do automático, domar a minha ansiedade e estudar o que preciso estudar. Ser quem eu gostaria de ser. Sonhar e realizar o que desejo conquistar.
- Gostaria de ter mais disciplina
- mais tempo para estudar
- menos ansiedade
- fazer mais exercícios físicos
de mudar minha identidade.
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* Me perdoo por não me esforçar para ter um vocábulo melhor que não dê ideia de campo semântico na internet, mas que resgate o sentido de conexão pessoal.
** também não me preocupei com o alinhamento deste texto.