Ultimamente, uma das minhas maiores queixas na terapia tem sido o receio de me tornar uma bicha largada, mentira. Mas de não ter uma boa relação com as tarefas domésticas da minha casa. Sempre que penso nessas coisas eu lembro do quanto minha mãe tem um certo capricho para nossa casa. Minha mãe não ostenta uma casa de luxo, mas como no poema de Manuel Bandeira "cada coisa está em seu lugar".
Uma vez minha mãe me perguntou se eu sentia falta do cheiro na roupa que ela deixava. Eu fiz "hum", querendo dizer que não era nem marcante para mim, mas a gente já tem tantos problemas juntos que só disse que sim, depois que tive a oportunidade de regressar a casa em que cresci e perceber o quão eu abria o armário e lá estava o cheiro perfumado das roupas. Eu percebi que talvez eu nunca seja essa pessoa tão caprichosa com a casa como a minha mãe.
Talvez de alguma forma eu quisesse levar ela comigo, já que nunca seremos amigos. Nunca vou levar meus filhos para comer bolo com ela num domingo. Minha terapeuta diz o tempo todo que distância cura. Como um bom capricorniano talvez eu não queira ser curado de nada, apenas conseguir ter a estrutura para sustentar a minha distância.
Pensar na família que eu quero formar me fez lembra da vez em que namorei um doutor em linguística, que tive o desprazer de ter que limpar o vaso sanitário, porque parecia que tinha um bicho morto dentro, não fiz por amor, mas infelizmente usava. Se eu me sujeitar a limpar o vaso sanitário de alguém e a pessoa ainda desconfiar de que não estou a fim de seguir com ela, é muito problemático.
Voltei a atualizar esse blog para ver se daqui a dez anos vou conquistar a minha família e o capricho pela casa.
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