o Fábio e recortes de memória


    Quando eu fui para o Equador em 2015, eu perguntei para o Fábio se ele podia me levar de carro de Guaratiba até o Galeão (algo em torno de 50 a 55 km). Naquela época, eu era um estagiário numa empresa ruim, que pegou o salário do mês, acho que 900 reais e foi numa casa de câmbio num shopping trocar por dólar, algo em torno de 120 dólares). Ou seja, eu era um fudido pior que a Madonna que chegou em Nova Iorque com 50 dólares nos anos 90. Mas, retornando ao Fábio, ele me levou sem nem me cobrar a gasolina. Quando a gente colocou a mala no carro a minha avó começou a chorar e sem conseguir falar direito disse que eu era o amor da vida dela. Eu fiquei as duas horas de viagem de Guaratiba até o Galeão em silêncio no carro, foi quando a ficha caiu que talvez eu não voltasse mais. 

    Eu só tinha a passagem de ida para um país que não conhecia ninguém e nem falava espanhol. Mas, dessa vez tudo foi diferente, estou retornando para o Rio e eu fiquei feliz de poder dar um pouco mais do dinheiro da gasolina para ele vir pra Campinas pegar minhas coisas para voltar para casa para novos objetivos e sonhos. O Fábio é um amigo que eu sei que tá sempre do meu lado quando eu preciso dele, daqueles amigos que te ajudam a esconder um corpo.


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