Ando triste e feliz ultimamente, feliz porque muita coisa tem caminhado e eu tenho percebido grandes avanços, tenho me sentido realizado na universidade (mesmo sabendo que ainda haverá a prova dos 9). Isto é, a tal esperada disciplina com o Siscar. Tive boas avaliações até então, mas ainda preciso desta para a minha realização individual. Esses dias recebi a notícia de que meu livro "Amarração de Amor" será publicado pela editora Urutau, não sei o que esperar dessa publicação, gostaria muito que minha primeira professora de redação escrevesse a orelha. Mas tenho inseguranças sobre se seria marcante suas palavras como foram as palavras do livro de um amigo. O medo do arrependimento da escolha vem muito forte e intenso esses dias, junto com o medo de quem possa ver, há no livro um outro escritor (que não eu) que muitos amigos vão reconhecer, que muitos amigos vão chorar, que talvez faça mal a pessoa que mais criei ilusão nessa vida. Mas é preciso que deixe ir como um pássaro. Para finalizar esse relato, queria deixar os versos do poema "o cão sem plumas", minha orientadora citou no último encontro e meu Deus, as imagens provocadas são tão visuais e marcantes. Quero atingir isso nos meus próximos livros.


A cidade é passada pelo rio

como uma rua

é passada por um cachorro;

uma fruta

por uma espada. 


suco de rio de janeiro de hoje no RJ1: vendedor de cartão de vacina falsificado diz pro cliente que pergunta se o cartão da certo: "mas se tu quiser fazer o certo mesmo, o certo é tomar a vacina, né. tu não tomou a vacina por quê?" de janeiro de hoje no RJ1: vendedor de cartão de vacina falsificado diz pro cliente que pergunta se o cartão da certo: "mas se tu quiser fazer o certo mesmo, o certo é tomar a vacina, né. tu não tomou a vacina por quê?

Ode ao vento ocidental

 1


Oh, Vento Ocidental selvagem, exalas dos seres do outono o cheiro,

De tua presença invisível, as folhas mortas

Lançadas são tal como fantasmas fugindo de um mágico.


Multidões delas de peste acometidas !

Amarelas, pretas, pálidas e sanguíneas! Ó tu

Que, em carruagens, te transportas ao seu sombrio canteiro de inverno


As sementes aladas, nas quais jazem frias e miúdas

Cada qual como um cadáver na sua cova, até que

Tua azul-celeste irmã da Primavera toque


O seu clarim sobre a terra em sonhos, e encha de

Pressurosos suaves rebentos iguais a flores povoando o ar,

Nas planícies e colinas, com cores e odores vivos.


Espírito selvagem que por toda a parte se move;

Destruidor e preservador: escuta, oh, escuta!


2


Tu, em cuja corrente, em meio à íngreme convulsão do firmamento,

Onde, como folhas murchas da terra, nuvens dispersas se derramam

Galhos emaranhados do céu e oceano sacudiste,


Anjos da chuva e dos raios! Aí espraiados

Sobre a superfície azul de teu vagalhão etéreo

Qual brilhantes cabelos levantados


De alguma terrível Bacante, que vão da fina borda do

Horizonte às alturas do zênite,

As madeixas da tempestade que se avizinha. Nênias entoas


Ao ano que se despede, para o qual esta noite se acaba

Será a cúpula de um vasto sepulcro

Construído com todo o teu poder concentrado


De vapores, de cuja sólida atmosfera

Chuva negra, e fogo e granizo arrebentar-se-ão: Escuta!


3


Tu que de fato acordaste de seus sonhos de verão,

O azul Mediterrâneo, onde jazia,

Acalentado pelo azul espiralado de suas correntes cristalinas,


Junto a uma ilha de pedra-pome na baía Baiae,

Viste adormecidos vetustos palácios e torres

Agitando-se num dia mais intenso de ondas,


Invasão completa de musgos e flores azuis

Tão suaves que os sentidos não conseguem pintá-las! Tu

Por cujo caminho as forças do nível do Atlântico


Abrem-se em abismos, enquanto, bem no fundo,

As florações marinhas e as florestas lodosas, que destroem

A folhagem seca dos oceanos,


Se agitam e se anulam, conheces

Tua voz e súbito te tornas medroso: Escuta!


4


Ah, fosse eu uma folha morta que pudesses segurar,

Ah, fosse eu uma nuvem veloz para contigo:voar

Uma onda suspirando por sob teu poder e extirpar


O impulso da tua força, só que menos livre

Do que tu, ó incontrolável! Se pelo menos

Ainda estivesse na minha infância e pudesse ser


O companheiro de tuas andanças nos céus

Pois então, quando fosse para superar tua velocidade celeste

Mal pareceria uma visão, – Nunca teria eu feito tanto esforço


Quanto assim contigo em prece nas horas de dolorida necessidade.

Oh! ergue-me como se uma onda fosse, uma folha, uma nuvem!

Caio sobre os espinhos da vida! Sangro!


Um fardo enorme de horas acorrentou-me e me oprimiu

Alguém também como tu – rebelde, dinâmico e orgulhoso.


5


De mim fazes a tua lira, igual assim à floresta:

O que ocorreria se minhas folhas com as dela caíssem!

A desordem das tuas poderosas harmonias


Um profundo tom outonal retirarão de ambos,

Suave embora triste. Sê tu, Espírito selvagem,

Meu espírito! Fazes de ti o meu ser, impetuoso espírito!


Conduze meus pensamentos mortos através do universo,

À semelhança da folhas murchas, a fim de um novo nascimento apressar;

E, pela magia destes versos,


Difundir, como se viessem de uma lareira sempre ardente,

Cinzas e centelhas, minhas palavras à humanidade

Através de minha boca para uma terra adormecida


Sê tu, ó vento, a trombeta de uma profecia!

Com o retorno do inverno, não poderia a primavera logo sucedê-lo?


Percy Bysshe Shelley

(Tradução de Cunha e Silva Filho)

Ainda sobre Bachelard


 Imaginação é uma ausência.
Uma faculdade de ação.
a imaginação em Bachelard não é uma percepção evanescente.
Primeiro pilar: A imaginação em Bachelard não é uma percepção imanente. Ela é uma imagem que surge da própria linguagem, do próprio processo de linguagem. Há toda uma concepção da linguagem humana que é super importante para entendermos como funciona a literatura.
segundo pilar de Bachelard: a  ideia de que a imaginação poética só pode ser estudada/pensada/fisgada por baixo 
de camada de racionalização do pensamento.

A imaginação é profunda, se aprofunda. a imaginação é dinâmica.

Um dos meus maiores orgulhos do mestrado


 

Rio 2021

Acho que nem minha terapeuta imaginou o quão eu estava sofrendo por voltar a minha cidade natal, não procurar minha família, apenas procurar meus amigos. Eu sofri tanto, eu quis chorar tantas vezes, eu me sentia cuspindo na cara de uma certa gratidão que eu deveria ter pela minha avó. Eu estou crescendo tanto, me expandindo tanto, eu não quero mais dar espaço para regredir, eu estou deixando todas as minhas raízes estourarem qualquer vaso que tentem me colocar para salvar o que vai sobrar de mim se tudo der errado. Eu respiro fundo e repito sem pensar: o que era antes nunca mais.