O homem da sua vida inteira.



Hoje não sou mais o homem da vida inteira de minha mãe, hoje brigamos e tentamos manter um diálogo como civilizado que somos, ou tentamos ser. Não é difícil afirmar: hoje não sou mais seu homem. Hoje não sou homem de ninguém. Senhor de cachos que emaranham ideias confusas a cerca de inúmeras sensações que no fim terminam numa prolixidade sem forma nem conteúdo.

 O meu processo de escrita começou tardio. Eu tinha acabado de sair de casa, ainda entendendo o quê aconteceu, dias antes, que motivará minha mãe tomar tal atitude. Escrevia olhando para minhas coisas amontoadas pela casa de minha avó. Reafirmo, naquele tempo escrevia sobre coisas confusas que se misturavam entre os carinhos e muitos mimos de quem mora com vó. Só me entendia como um ser capaz de balbuciar coisas sem sentido, sem coesão e sem sintaxe.

Entre estudar para uma prova que pode mudar minha vida, stalkeio fotos de Instagram de gente que aparentou ser homem da vida de alguém. Sou capaz de proporcionar tal sensação a alguém? Quase que automaticamente diria não. Trago na bagagem três relacionamentos relativamente longos, mal acabados e nada publicado em jornais, revistas ou em fotos de Instagram. 
                   
Para quem um dia sonhou em reinar uma terra de tartuguitas sem cabeças, degustadas por mim, é lógico. A resposta que de alguma forma consigo formular soa um pouco triste. Mas, para quem num domingo de dia das crianças está lendo um texto teórico com uma análise da formação do romance moderno, acredito até que a resposta seja satisfatória. Em todo caso, se algum dia eu me ver no instagram de alguém, como sinônimo de felicidade, mesmo que com o pensamento distante, fotografado na primeira distração, confesso: estarei preparado.

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