Geração Zero Zero
Desde que parei de caber no balde que tento caber na vida - Bruno Couto
Valéria Coelho - Belém
Ultimamente, só eu sei o que ando sentido com a aproximação do fim deste mestrado. Vivendo intensamente síndrome do impostor sem ter com quem dividir essa angústia concentrada. Penso demais num recorte de tantos vídeos de Fernanda Montenegro falando sobre o globo de ouro da filha, em um dos comentários dela. Ela celebra que a filha estava recebendo uma premição sobre sua carreira de atriz que ela tanto se questionou, uma vez que Fernanda Torres tem uma carreira de escritora (crônista) reconhecida em número de vendas e crítica. Aos 59 anos chegou seu reconhecimento como atriz. Não sei se quero esperar o reconhecimento da carreira beirando os 60 anos, a vida é "tão laminha". Sobreviver e se reconstruir até o reconhecimento vir? Curiosamente, meu novo livro vem aí. Sem o mesmo reconhecimento de alguns amigos na mesma labuta que a minha. Livro com carinho, e autencidade, talvez com vergonha alheia futura, mas a meta é produzir e depois repensar.
Esses dias ajudei um ator a construir um personagem chamado Danilo, que vive com HIV e foi rejeitado pelo namorado. Me senti feliz por contribuir e sentir que tenho muito a dizer às pessoas. Mas infelizmente ainda ando recalculando vida, recalculando medos, recalculando dores. Sem ter para quem dividir o que será da minha vida, onde será minha vida, onde que eu vou descansar meu medo do fracasso. Que nunca me falte coragem.
(rascunho de projeto gráfico para o ilustrador)Cartão Postal - Rita Lee
"Pra que sofrer com despedida
Se quem partir não leva nem o sol, nem as trevas
E quem fica não se esquece tudo o que sonhou?"